Peça piloto é uma amostra que se faz de uma roupa para testar o caimento. É feita para testar um molde e determinar se precisa de ajustes ou modificação do projeto inicial. O molde é feito com determinadas medidas tiradas no corpo ou de uma tabela de medidas. Mas como o molde é 2D, pode haver a necessidade de ajustes e correções. Para fazer a peça piloto se escolhe um tecido mais em conta que tenha o mesmo caimento do tecido que vai usar no final. Por exemplo, se vai fazer um vestido em seda, que é um tecido leve, o tecido usado para a peça piloto deverá ter o mesmo caimento. Se usar um tecido muito grosso não vai conseguir visualizar como a peça ficará ao ser feita no tecido escolhido.
Quando você vai fazer uma base e quer testar se esta base se encaixa perfeitamente ao corpo de quem vai usar, pode usar um tecido de gramatura média, ou seja, nem muito grosso e nem fino demais. Neste caso há uma variedade de tecidos que podem ser usados. E a escolha do tecido vai muito do gosto pessoal de cada do tipo de peça que irá testar.
Algodão cru: o mais usado para testar moldes por ser um tecido de algodão que possui várias gramaturas (fino, médio e grosso) e pode ser encontrado facilmente em quase todas as lojas de tecido. Já foi um tecido muito barato e por isso era muito mais usado que hoje, mas como se tornou um tecido mais caro, pois é feito de algodão puro e este material subiu muito de preço, está sendo substituídos por muitos estilistas por tecidos mais em conta. A gramatura vai de 80 g/m2 (mais fininho) a 300 g/m2 (mais encorpado).
Percal: um tecido de excelente custo benefício, pois é muito usado para fazer lençol e possui 2,80 m de largura (o dobro da largura da maioria dos tecidos). Quando compra um metro, está na verdade levando 2 metros por conta da largura. E o percal tem de diversas gramaturas (fino, médio e encorpado). Para peça piloto pode usar o percal de baixa gramatura que é bem mais barato. Tem também percal misto (algodão com poliéster) que diminui mais ainda o valor. Gosto muito deste tecido e uso muito para peças piloto. Tenho sempre o de 130 g/m2 (mais fininho para testar blusas e vestidos) e de 150 g/m2 ou 180 g/m2 (para testar calças ou saias que precisam de tecidos mais encorpados).
Cretone: um tecido muito usado antigamente para fazer lençol e jogos de cozinha. Tecido 100% de algodão ou misto com uma porcentagem pequena de poliéster. Costuma ter 2,20 de largura, o que faz ele ter um ótimo custo benefício. Tecido difícil de encontrar hoje em dia, pois compete com o percal em custo benefício. A textura do cretone é mais rústica, se aproximando mais do morim e algodão cru. A gramatura varia de 80 g/m2 a 150 g/m2.
Morim: um tecido também feito a base de algodão com várias gramaturas e mais barato que o algodão cru. Existe morim de puro algodão e morim misto (algodão com poliéster) bem barato no mercado. Tem uma gramatura e textura muito boa para fazer peças piloto. Precisa ficar atento a largura do tecido, pois algumas lojas vendem o morim com apenas 0,80 cm de largura para ser usado em faixas de propaganda. A largura do tecido para peça piloto não pode ser menor que 1,40 que é a largura da maioria dos tecidos vendidos no Brasil. A gramatura vai de 40 g/m2 (mais fininho) a 155 g/m2 (mais encorpado). Em casas que vendem tecido para cortinas pode encontrar morim de duas larguras (2,80 m de largura) e isso torna o curso benefício deste tecido muito bom.
Tricoline: tecido a base de algodão podendo ser 100% algodão ou misto (poliéster com algodão ou viscose com algodão). Um tecido que tem uma textura muito boa para peças piloto. A gramatura é medida e varia de 100 g/m2 a 300 g/m2. Para peça piloto não precisa de gramatura muito alta.
Popeline: tecido de algodão ou misto muito parecido com o tricoline. A trama é mais apertada e uniforme, quanto maior a gramatura do tecido. E a gramatura varia de 80 g/m2 a 200 g/m2. . Para peça piloto não precisa de gramatura muito alta.
Chita ou chitão: Tecido de algodão mais rústico, feito com fios menos nobres do algodão, com estampas fortes, mas com um custo benefício bom para peças piloto. A gramatura varia entre 80 g/m2 a 120 g/m2. Para peça piloto não precisa de gramatura muito alta. O colorido da estampa pode atrapalhar um pouco a visualização do caimento.
Failete: tecido comumente usado para forro de baixo custo. É um tecido sintético a base de poliéster. Para peças piloto de roupas que serão feitas em seda, cetim, musseline ou viscose, o failete simula o mesmo caimento. A desvantagem é que desfia muito.
TNT: o TNT (tecido não tecido) não é um tecido propriamente dito, pois não é feito de fios e nem tecido em tear, como os tecidos. É prensado e feito de polipropileno (a base de petróleo). Não gosto muito de TNT para peças piloto porque não pode passar a ferro e não tem o mesmo caimento, já que não é feito com fios trançados como os tecidos. Mas por ser barato, é muito usado.
Papel de seda: é um papel barato e maleável. Não tem o mesmo caimento do tecido, mas é uma boa opção para testar medidas e formas das peças no corpo ou em manequim. Com ele dá para dimensionar decote e ombros, por exemplo. Gosto muito de usar papel de seda para testar drapeados, pregas, franzidos e tamanhos dos moldes. Com este papel consigo fazer uma prévia de como vai ficar o molde final.
Peças piloto de roupas de malha: é mais complicado fazer peças piloto em malha porque a peça piloto tem que ser feita de malha com a mesma elasticidade da malha que vai usar para produzir as peças. Portanto não tem como usar uma única malha para testar moldes de peças com baixa, média e alta elasticidiade. Para peças piloto de malha de alta elasticidade pode usar viscolycra ou romantique. Para peças de média elasticidade pode usar helanca de uniforme. Para peças de baixa elasticidade pode usar malha mista de algodão ou PV. A malha usada para a peça piloto tem que ter a mesma elasticidade da malha que vai usar depois.
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